Um dos temas mais
importantes de toda a história da humanidade é a Felicidade. Ninguém ousou
dizer ser o dono da verdade sobre uma definição precisa, pois mesmo os grandes
gênios da Filosofia sabiam da dificuldade em definir essa tão procurada
felicidade. Por isso é bom caminhar na trilha de alguns sábios, para que se
possa revelar seus pensamentos e certezas acerca de tal compreensão e
definição.
Desde os primórdios da
Filosofia, a natureza foi o referencial para as explicações da humanidade. E,
de certa forma, a única verdade para aqueles que viveram esse tempo é a
esperança de encontrar, nos preceitos filosóficos, um caminho para se buscar a
felicidade. E, embora esses sábios não dominassem os mistérios da natureza,
eles buscavam, nos fenômenos naturais, uma resposta para suas inquietações
interiores.
Compreende-se a Filosofia,
enquanto ciência, como a técnica da vida. E técnica é fazer algo que a pessoa
já fazia com menos esforço e mais qualidade. A Filosofia existe para que as
pessoas possam viver melhor, sofrer menos e lidar mais serenamente com as
adversidades. A missão essencial da Filosofia é tornar viável a busca da
felicidade.
Dessa forma, todos os
grandes pensadores sublinharam esse ponto. A Filosofia que não é útil na vida
prática pode ser jogada no lixo. Alguém definiu os filósofos como os amigos
eternos da humanidade. Nas noites frias e escuras que enfrentamos, no correr
dos longos dias, eles podem iluminar e aquecer. A Filosofia apoia e consola.
"O ofício da filosofia é serenar as tempestades da alma", escreveu o
sábio francês Montaigne (1533-1592). Numa outra definição magistral, Montaigne
definiu a Filosofia como a "ciência de viver bem".
Há muitas definições e
algumas delas estão aqui no texto. Para Sócrates o "conhece-te a ti
mesmo" é a chave para a conquista da felicidade. Para Platão a noção de
felicidade é relativa à situação do ser humano no mundo, e aos deveres que aqui
lhe cabem. Para Aristóteles a felicidade é mais acessível ao sábio que mais
facilmente basta a si mesmo, mas é aquilo que, na realidade, devem tender todos
os seres humanos das cidades, vilas, povoados.
Avista-se, então,
independente do pensamento socrático, platônico ou aristotélico, a felicidade,
embora possível e fonte de busca incansável, não pode ser encarada como
realização final da existência, ou seja, a última cereja do doce, pois, se for
assim, não encontrá-la significa ficar com fome. E fome é algo muito ruim.
Para Aristóteles, a
felicidade é relatada como sendo um bem supremo tanto para os vulgos quanto
para os homens de cultura superior, considerando-a como o bem viver e o bem
agir. Outros identificam a felicidade com o bem e com o prazer e, por isso,
amam a vida agradável. Para a modernidade, felicidade seria um estado afetivo
ou emocional de sentir-se bem ou sentir prazer. Para Aristóteles, ter
felicidade ou ser feliz é usar a razão como propriedade e fazer de tal modo que
isso se torne uma virtude. Segundo o filósofo, a felicidade é o bem mais nobre
e mais desejável entre os homens, chegando a identificá-la como "uma
atividade da alma em consonância com a virtude."
De outro lado, para alguns
teóricos, a felicidade é pautada na existência de outra pessoa em nossa vida.
Aí, então, a felicidade fica muito complexa e difícil para alcançar. Colocar os
sonhos/realizações/desejos nos ombros de outro ser, não só castiga quem recebe
essa incumbência, como escraviza quem faz isso.
A busca pela felicidade,
embora possa ser feita em conjunto, trás uma realização pessoal. Se é para ser
feliz, é preciso ser por conta própria. Do contrário, não se é feliz nunca.
Então, compreender realmente o que seja felicidade para um indivíduo é, de
certa forma, ver nas atitudes humanas, ora na sua cultura, ora em seus
pensamentos, a sua necessidade, ou seja, aquilo que realmente se precisa para
ser feliz. Muitas são as respostas de como se chegar à felicidade.
Albert Einstein, por
exemplo, disse certa vez: "se quer viver uma vida feliz, amarre-se a uma
meta, não às pessoas nem as coisas", pois sabia que as paixões destroem a
liberdade do ser e o apego às coisas desvirtualiza uma pessoa. Também, alguém
disse que a felicidade é algo bastante relativo, pois depende,
incondicionalmente, da visão de necessidade de cada indivíduo, ou seja, a
felicidade, para um capitalista, é acumular riquezas; já para um
socialista-comunista é reparti-la; para um estudante, a felicidade seria
construir conhecimento; para um analfabeto, saber ler e escrever; para um
colecionador, completar a sua coleção; já para um amador iniciante, ter a
primeira peça e assim por diante. Nessa linha de raciocínio, infere-se que o
ser humano entendia e entende a Felicidade como a satisfação do
"Eu-querer".
À luz dos dicionários, a
Felicidade “é qualidade ou estado de feliz; ventura, contentamento”. Feliz é o
ser ditoso, afortunado, venturoso. Contente, alegre, satisfeito. “Que denota ou
em que há alegria, satisfação, contentamento”.
Existem diferentes
abordagens ao estudo da felicidade - pela Filosofia, pelas religiões ou pela
Psicologia. E a resposta mais concreta a essa pergunta “ O quê é a
felicidade?”, pode ser assim dada: A felicidade é um estado durável de plenitude,
satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude
estão ausentes. Abrange uma gama de emoções ou sentimentos que vai desde o
contentamento até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem, ainda, o
significado de bem-estar espiritual ou paz interior.
Contudo, toda essa definição
do que seja felicidade não está completa. Isso porque a felicidade plena e
absoluta não existe. Também não existe receita, manual que possa dar garantia
plena de se viver 100% feliz. A busca é por mais momentos e sensação de
felicidade. Descobrindo suas necessidades, suas metas, como e quando
alcançá-las, saber reconhecer limite, respeitando e se fazendo respeitar,
sabendo diferenciar você do outro, é um começo. E nessa busca, cabe a cada
pessoa criar a sua receita e escrever o seu manual do que é a SUA sensação de
FELICIDADE.
DICAS DE GRAMÁTICA
Alguns casos de uso de hífen,
professora?
1. Sim, quando o segundo termo iniciar por H.
- Anti-higiênico, extra-humano, super-homem,
micro-história.
2. Quando o prefixo
terminar com a mesma consoante que se inicia o segundo termo.
- Inter-relação, super-realista, hiper-racionaliza,
hiper-romântico.
3. Usa-se hífen
após o prefixo sub se o próximo termo iniciar com R.
- Sub-regional, sub-raça, sub-racial, sub-região.
4. Caso o prefixo
termine em vogal e o segundo termo comece com essa mesma vogal.
-
Anti-inflamatório, anti-inflacionário, micro-ondas, micro-organismo,
auto-observação, contra-ataque.
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Luísa Karlberg - É Presidente da Academia Acreana de Letras;
Membro Fundadora da Academia dos Poetas do Acre; Membro da Academia Brasileira
de Filologia; Membro da International Writers and Artists Association (IWA),
sediada na cidade de Toledo, Ohio, USA. Coordenadora da Pós-Graduação em Língua
Portuguesa (Campus Floresta; Doutora em Língua Portuguesa pela UFRJ; Pós-Doutora
em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Pesquisadora
DCR do CNPq; Grã-Chancelar da medalha J.G. de Araújo Jorge, pela Academia
Juvenil Acreana de Letras; Embaixadora da Poesia pela Casa Casimiro de Abreu.
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