O ser humano, na sua essência, é um ser cultural, desde o modo
como arruma os cabelos ao jeito como fala. Carrega costumes que são cultivados e
se transformam a cada geração. Sendo assim, o que deixa de ser cultivado tende a
desaparecer ou, se for cultivado, de forma diferente, pode se transformar.
Quem não lembra as brincadeiras de rua de tempos mais antigos?
Quem brincou de esconde-esconde, polícia e ladrão, contação de histórias,
cabra-cega, amarelinha, cantigas de roda, contar estrelas no céu e outras
brincadeiras que tornavam a infância tão mais divertida e saudável. Quem não
dançou ao som de ABBA, ouviu “Banho de lua”, “Diana”, “Menina linda”, “Luar do
Sertão”, Beatles - Love Me Do. Quem vestiu
pantalonas e outras roupas que hoje já não se usam mais?
Olhando os jovens de hoje, com seus iPads, iFones, iQualquer
coisa, ficamos a nos perguntar quais valores são repassados nas famílias de
hoje, como são as amizades e, principalmente, os meios de comunicação.
Percebe-se que os jovens não estão com cabeça para reflexões filosóficas. Usam
jeans e camiseta, bem descontraídos e de preferência de boas etiquetas. Devoram
hambúrgueres e dedilham computadores com presteza. O quê representa o mundo para
essa juventude?
Essa atual geração é totalmente diferente das anteriores. O que
os controla mais são os perigos das ruas. Graças à vida urbana tudo se tornou
perigoso, e os jovens estão sujeitos às drogas, doenças e à violência. Sendo
assim, é bem mais fácil comprar um videogame e convidar os amigos para jogar no
sofá da sala. Prática que foi crescendo ao ponto de as brincadeiras típicas da
juventude, de dez anos atrás, praticamente desaparecerem. Os jovens de hoje não
brincam mais. Ficam diante da TV a assistir desenhos ou a jogar videogames ou
diante de um computador. Sobre o que os adolescentes conversam tanto? É no
playground, na esquina, no telefone, na porta de casa, nos barzinhos, nas
boates. Eles passam por um processo de autoafirmação, de independentização.
Quase sempre os assuntos são sobre suas paqueras, ou são bobagens sem sentido
que os fazem morrer de tanto rir.
A alegria de estar entre iguais, segundo um site encontrado na
Internet, é isso que atrai os adolescentes; 56% falam de sexo, namoro, enquanto
26,4% só tratam de "amenidades" e "garotos/as". Parece que dão o mundo para não
sair com os pais, para que estes os deixem em paz, o que é desconcertante e
doloroso.Não conversam e nem dialogam com ninguém, seus hábitos são outros.
Parece que a leitura não é o forte desta geração. Há uma mudança considerável
entre o ontem e o hoje.
Conforme a psicóloga Márcia Regina, o reflexo dessa mudança
cultural está em diversas áreas do cotidiano destes adolescentes. “Primeiro a
própria questão física, estes jovens tinham um desenvolvimento melhor de suas
funções motoras e eram mais resistentes”. Outra questão levantada pela psicóloga
é a social ou as relações sociais. “Com o crescente uso dos videogames e da
própria internet, o adolescente se isola e isso afeta a própria forma de se
comunicar”. Hoje vivem em uma aldeia global, pensando que conhecem muitas
pessoas, mas na verdade estão isolados.
A aparente liberdade de escolha dos adolescentes da classe
média, às voltas com uma infinidade de possibilidades geradas pelo bem-estar
material, na verdade, esconde um intenso processo de massificação e inculcamento
de valores conservadores, que no passado ganhou nome de alienação e hoje ganhou
nova roupagem, a da globalização.
O jovem de hoje é o que o capitalismo sempre sonhou. Eles têm
de estar dentro de uma das fôrmas criadas pela indústria cultural para serem
considerados normais. A globalização da juventude é extremamente interessante às
agencias de publicidade e aos oligopólios, a massificação é muito conveniente
para eles, sob todos os aspectos. Vender um carro, um CD ou um refrigerante que
são apreciados pela garotada, certamente tem inúmeras vantagens do ponto de
vista da produção.
O processo de globalização, no entanto, ultrapassa as linhas de
montagem ou a formação de mercados, e encontra nos jovens o terreno ideal. A
globalização, operada, sobretudo, via televisão, coincide como uma luva com a
dinâmica do adolescente, que tem entre suas principais características o desejo
de controlar o mundo.
Através da televisão, o jovem tem a sensação de estar presente
a todos os eventos, mas isso não significa necessariamente ser consciente,
processar toda a informação até chegar a uma visão coerente do mundo. Ele até
pode ser solidário com a causa defendida por Nelson Mandela, mas dificilmente
sabe o que se passa num bairro periférico da cidade. Os jovens de hoje fazem
parte de uma geração que está pronta para viver o capitalismo em toda a sua
extensão e para exercer a liberdade de escolha como consumidor em todas as
esferas da vida.
Com este artigo não se deseja criticar a juventude atual, mas
conduzi-la à reflexão do mundo em que vivem. Convidá-la a efetuar uma reflexão
sobre o comportamento e o viver em família e em sociedade. Para facilitar essa
tarefa a proposta é que os jovens elaborem uma lista dos principais aspectos que eles
acreditam ser característica da contemporaneidade. Depois, aproveitem as respostas
fornecidas para explicar as transformações ocorridas no universo dos jovens nas
últimas décadas. Verão que as diferenças são gritantes e que ainda há tempo de
eles, com tantas oportunidades, criarem um ambiente melhor no mundo e na
construção de um futuro de Paz, Harmonia, Segurança, Amor.
DICAS DE GRAMÁTICA
Uso de “DEMAIS” ou “DE MAIS”
DEMAIS - pode ser usado como advérbio de intensidade no sentido de “muito” e, também, como pronome indefinido no sentido de “outros”. Como na frase “A situação deixou os demais candidatos chateados demais!”
DE MAIS - é o oposto de “de menos” e são sempre referidos a um substantivo ou pronome. Exemplo: “Existem candidatos de mais para eleitores de menos“.
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