Pesquisar este blog

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A NOVA FORMA DE ESCREVER A LÍNGUA PORTUGUESA

Entrou em vigor a Nova Reforma Ortográfica dos países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A Lei está valendo desde o dia 1º de janeiro de 2009. Todos os países da lusofonia devem seguir as novas regras. Elas resultam de um Acordo Internacional que visa unificar a forma de escrever a Língua Portuguesa. Com isso, todos os falantes devem tomar ciência das mudanças e obedecê-las, sob pena de incorrer em erros crassos.

Aqui no Brasil, o MEC anunciou que existirá uma fase de transição onde a ortografia atual (antiga) e a nova coexistirão. Essa fase vai de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012. Esse acordo diz respeito à ortografia, não ao vocabulário de cada país, que é impossível unificar. O acordo fortalece o português, que é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol.


Esta Nova Ortografia objetiva padronizar a forma de escrever, pois a ocorrência de duas ortografias, numa mesma língua, atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. A unificação, no entanto, facilitará a definição de crité-rios para exames e certificados para estrangeiros.

Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja alterado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita modificada. A Academia Brasileira de Letras irá publicar o Novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. É natural, no contexto de alterações, que as mudanças ortográficas na língua portuguesa devam gerar confusão mesmo entre os professores do idioma. O Ministério da Educação estipulou que os livros didáticos do ensino fundamental devem, entre 2010 e 2012, adotar a Nova Ortografia, em todas as séries. Já no ensino médio, a medida tem início a partir de 2012. Com isso, os estudantes do ensino fundamental e médio vão conviver com a dupla ortografia até 2012. Porém, a partir de janeiro de 2013 as formas antigas - aquelas em vigor até 31 de dezembro de 2008 - serão abolidas e consideradas corretas apenas as novas formas. A mesma tolerância será estendida para vestibulares e concursos públicos, cujas provas deverão aceitar como corretas as duas normas ortográficas, segundo o MEC, isso até 2012.


As novas alterações são significativas na acentuação de algumas palavras, extinguem o uso do trema e padronizam a utilização do hífen. A partir de agora, não é errado escrever “micro-ondas” - com hífen - e “antissocial” - sem hífen. Também é correta a grafia das palavras “ideia” e “assembleia” sem acento. Assim, embora haja muitas mudanças, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país. Vejamos, agora, algumas das mudanças ocorridas na forma de escrever a Língua Portuguesa:
- As paroxítonas terminadas em “o” duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de “abençôo”, “enjôo” ou “vôo”, os brasileiros terão que escrever “abençoo”, “enjoo” e “voo”.

- O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por “r” ou “s”, sendo que essas devem ser dobradas, como em “minissaia” e “microrradiografia”. No caso em que o primeiro elemento termina em vogal e o segundo começa com uma vogal diferente, a palavra também deve ser escrita sem o hífen, como “coeducação” e “hidroelétrico”. No caso de termos compostos de duas palavras, a tendência é continuar valendo a regra atual. Esse é o caso mais confuso das novas mudanças.
- Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver” e seus decorrentes, ficando correta a grafia “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.


- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como “louvámos” em oposição a “louvamos” e “amámos” em oposição a “amamos”.


- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever “linguiça”, “sequência”, “frequência” e “quinquênio” ao invés de lingüiça, sequência, freqüência e qüinqüênio.
- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de “k”,”w” e “y”. - O acento deixará de ser usado para diferenciar “pára” (verbo) de “para” (preposição).


- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como “assembléia”, “idéia”, “heróica” e “jibóia”. O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.
- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o “c” e o “p” nas palavras onde ele não é pronunciado, como em “acção”, “acto”, “adopção” e “baptismo”. O certo será ação, ato, adoção e batismo. - Também em Portugal elimina-se o “h” inicial de algumas palavras, como em “húmido”, que passará a ser grafado como no Brasil: “úmido”.


- Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.


Nós, falantes de Língua Portuguesa, necessitamos estudar as novas regras desse Novo Acordo Ortográfico, pois ele traz mudanças significativas na forma de escrever. Essa nova forma de escrever já está valendo. Então, cuidado e atenção a partir de agora. A linguagem escrita é uma forma de traduzir, identificar uma pessoa. E, no mundo atual, dominar o idioma pátrio é uma exigência. O mercado de trabalho seleciona os profissionais pelo bom domínio que estes possuem da língua padrão.

Nenhum comentário:

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.