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segunda-feira, 7 de outubro de 2019

ATUAIS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA




É tema recorrente, no país, o caos na área educacional. Entra governo e sai governo e o quadro não muda. Isso acontece porque Educação nunca foi política prioritária no Brasil. Decorrente do descaso, há numerosos e difíceis desafios a serem enfrentados. Posicionado entre os 10 países mais desiguais do mundo, o Brasil possui quase 12 milhões de analfabetos e mais da metade dos adultos entre 25 e 64 anos não concluíram o Ensino Médio. São quase dois milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da escola e 6,8 milhões de crianças de 0 a 3 anos sem vaga em creche.
O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (PISA). Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE). O analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi registrado em 28% no ano de 2009 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita (Todos pela Educação). Muitos professores recebem menos que o piso salarial. Há uma gritante desigualdade entre os salários dos poderes da República.
O Brasil trata os professores com desrespeito. Vejam-se alguns salários imerecidos no país: um professor: R$ 2.455,35 (MEC, 2018); um deputado: R$141.000,00 por mês aos cofres públicos (mais de R$ 2.000.000,00 ao ano – Congresso em foco); um Senador: R$596.000,00 por mês aos cofres públicos (Congresso em foco); um ministro do STF custa R$ 527.000.000,00 milhões por ano aos cofres públicos (STF); um juiz: R$572.040,00, por ano, aos cofres públicos (STF).
 Isso significa que um professor ganha – de salário – cerca de 0,7% do total pago a deputados, 0,33% de senadores e ministros. Considere-se, ainda, que esses poderosos ainda têm direito a uma longa lista de benefícios, enquanto os professores são desrespeitados, aviltados em seus salários, em seus espaços de trabalho e, ainda, em suas vidas. Esses dados mostram que o Brasil não é um país sério.
Enquanto existir essa desigualdade entre os poderes e as profissões, não é possível avistar mudança no cenário educacional brasileiro. É um quadro crítico, fruto de décadas de descaso, em um país que nunca colocou a Educação entre as prioridades da agenda política nacional. Esse é o legado que recebeu o Governo Bolsonaro.
São numerosos os problemas na área educacional, impossível abordá-los, todos, neste texto. Eles abrangem a equitativa universalização do acesso da Educação Infantil, Ensino Médio, Ensino Superior. Todas essas falhas transitam pelo direito à aprendizagem e a garantia de permanência escolar. Esse fere, de morte, à regulamentação do Sistema Nacional de Educação, tão necessária para a articulação e colaboração entre os entes federativos, à discussão do financiamento da Educação Básica (o prazo de vigência do UNDEB expira em 2020), a formação e atratividade da carreira de professor. Faz parte também da agenda da educação a melhoria da infraestrutura das redes de ensino, já que, em pleno século XXI, 14,3% das escolas não possui energia elétrica, esgoto, água e banheiro dentro do prédio e 55,2% não possui biblioteca ou sala de leitura.
Não haverá melhor cenário, no Brasil, sem a valorização do professor. Uma das profissões com maior número de profissionais no país (mais de 2 milhões). É urgente que esforços sejam envidados para garantir a formação inicial e continuada de qualidade. Os dados do Censo Escolar 2016 mostram que quase um quarto dos professores do Ensino Médio brasileiro não possuía formação superior compatível com as disciplinas que lecionava.
Nesse cenário, é urgente estruturar um plano de carreira atrativo para o magistério, de modo que os melhores alunos possam se interessar por seguir essa profissão. Hoje, apenas 2,4% dos alunos de 15 anos querem ser professor na Educação Básica, de acordo com o levantamento feito pela Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional - IEDE, com base nos dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos - Pisa de 2015. 70% dos alunos de Pedagogia obtiveram notas no Exame Nacional do Ensino Médio – Enem, abaixo da média nacional, em 2015. O reflexo da baixa valorização da carreira está, inclusive, no fato de que mais de 50% dos professores ouvidos na Pesquisa Profissão Docente, feita pelo Ibope, todos pela Educação e Fundação Itaú Social, em 2018, afirmam que não recomendariam sua profissão a um jovem.
É urgente investir em Educação como fazem o Japão, Finlândia, México, Estados Unidos. Peru e Chile investem menos que o Brasil e apresentam melhores resultados. Nessa perspectiva, futuramente, os jovens de hoje serão pais menos escolarizados. Ou seja, estamos falando de capital humano, importante e influenciador, quando os pais exercerão influência menos positiva sobre seus filhos, algo que seria muito diferente se tivessem escolaridade maior.
O Brasil tem o segundo maior número de estudantes com baixa performance em matemática básica, ciências e leitura em uma lista de 64 países de todo o mundo. Cerca de 12,9 milhões de estudantes com 15 anos de idade - de um total de 15,1 milhões que compõem o universo do estudo - não têm capacidades elementares para compreender o que leem, nem conhecimentos essenciais de matemática e ciências. Destes, 1,1 milhão são brasileiros. E dentre 64 países analisados (PISA), o Brasil ficou atrás apenas da Indonésia, que tem 1,7 milhão de estudantes com baixo desempenho. Em termos percentuais, o país é o décimo pior avaliado, atrás de Catar, Peru, Albânia, Argentina, Jordânia, Indonésia, Colômbia, Uruguai e Tunísia. É um quadro que precisa mudar. Nós brasileiros necessitamos reagir diante destas desigualdades e fazer do magistério a profissão mais valorizada. Ninguém chega a nenhum lugar de destaque profissional sem passar pela escola e os professores.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

COMO NASCEU A INTELIGÊNCIA HUMANA



Fala-se muito sobre a inteligência humana. Dizem haver pessoas mais inteligentes que outras. Há quem afirme que as mulheres são mais inteligentes que os homens, porque possuem maior sensibilidade, guardam, por maior tempo, informações na memória. Mas o que impressiona, na humanidade, é o fato de entre tantos seres vivos somente o ser humano possuir inteligência. Como esse caso se deu? Por que o Homo erectus possui a inteligência ausente nos outros animais?
Segundo a ciência, a resposta se deve ao fato de o surgimento da inteligência na raça humana ser um evento fortuito, raríssimo, e cuja possibilidade de vir a ocorrer  novamente, num ambiente natural, diga-se, em outro planeta, é um número astronomicamente pequeno. É um fenômeno raro de se repetir.  
Há, na Universidade Harvard, estudos do famoso biólogo Ernst Mayr que falam sobre a possibilidade de a natureza produzir seres inteligentes pelos processos evolutivos conhecidos. E, ali, ele afirma que os seres humanos são mesmo produtos sobrenaturais. De 30 milhões de espécies vivas, atualmente, e  cerca de 50 bilhões de outras espécies vivas ou que já viveram e sumiram, somente o Homo sapiens desenvolveu inteligência superior. A média de sobrevivência de uma dada espécie, na terra, anda por volta de 100.000 anos.  
Com base nesses estudos de Harvard, é possível afirmar que a espécie humana atual, o Homo erectus, existe  há 500.000 anos, aproximadamente. Mas foi há apenas 6.000 ou 8.000 anos a.C. que alguns homens abandonaram a vida selvagem, de caverna, e migraram à árdua agricultura, fato que tornou possível o aparecimento das primeiras aldeias sedentárias no Oriente Médio.  Assim, os primórdios da civilização humana e urbana remontam aos mais primitivos sítios neolíticos, em Jericó, há 6000 a.C. e em Jarmo, no Iraque, há 4500 a.C.
Ainda, tomando por fonte os estudos da Universidade de Harvard, particularmente aqueles do psicólogo e neurocientista Daniel Goleman, há três tipo de inteligência:
A inteligência intelectual - É a inteligência analítica pela qual elaboramos conceitos e fazemos ciência. Com ela organizamos o mundo e solucionamos problemas objetivos. Nessa classificação reside o famoso QI (Quociente de inteligência) ao qual se deu tanta importância em todo o século XX.
A inteligência emocional – É a inteligência que foi popularizada pelo psicólogo e neurocientista de Harvard, Daniel Goleman, com seu conhecido livro A Inteligência emocional (QE=Quociente emocional). Empiricamente ele mostrou o que era convicção de toda uma tradição de pensadores, desde Platão, passando por Santo Agostinho e culminando em Freud: a estrutura de base do ser humano não é a razão (logos), mas é emoção (pathos). Somos, primariamente, seres de paixão, empatia e compaixão e só em seguida, de razão. Quando combinamos QI com QE conseguimos nos mobilizar a nós e aos outros.
A inteligência espiritual - A prova empírica desse tipo de inteligências nasceu de pesquisas recentes, feitas nos últimos dez anos por neurólogos, neuropsicólogos, neurolinguistas e técnicos em magnetoencefalografia -- que estudam os campos magnéticos e elétricos do cérebro. Na convicção desses cientistas existe, em nós, cientificamente verificável, outro tipo de inteligência pela qual não só captamos fatos, ideias e emoções, mas percebemos os contextos maiores de nossa vida, totalidades significativas e nos faz sentir inseridos no todo. Essa inteligência torna o ser humano sensível a valores, a questões ligadas a Deus e à transcendência. Por isso ganhou o nome de inteligência espiritual. Também, por essa razão, neurobiólogos, como Persinger, Ramachandran e a física quântica de Danah Zohar batizaram essa região  da inteligência dos lobos temporais de "o ponto Deus", que aciona a necessidade humana de buscar um sentido para a vida.
A inteligência é nada mais que o conhecimento recebido pelo ser humano, o que podemos chamar de raciocínio, e utilizado por ele através do que chamamos de memória. Então podemos dizer que o raciocínio é a velocidade com que o ser humano recebe o conhecimento. Já a memória é o tempo que o conhecimento pode ser guardado na mente humana.
Assim, pelo que aprendemos, anteriormente, os seres humanos podem possuir mais ou menos energia em suas células. Um homem pode possuir mais que outro, ou uma mulher mais que outra. Mas normalmente as mulheres possuem mais energia que os homens. Desta forma o conhecimento se manifesta no homem e na mulher da seguinte maneira: analisando-se que a energia externa ao corpo do homem e da mulher é a mesma em proporções, e como o homem possui menor quantidade de energia no cérebro que as mulheres, a velocidade do conhecimento de fora para a sua mente será maior, ou seja, o homem tem um raciocínio mais rápido, a mulher um raciocínio mais lento.
Dessa forma, como a mulher possui mais energia em seu cérebro, a velocidade do conhecimento para sua mente será mais lenta, mas em compensação, a mulher por este mesmo motivo demorará mais tempo que o homem para perdê-lo, ou seja, elas possuem uma memória bem maior que a dos homens.
Nessa direção, se levarmos em conta que a inteligência é o conjunto formado pela memória mais raciocínio, os dois empatam. Porém a mulher, apesar de precisar de mais tempo para raciocinar, terá a memória a seu favor, e sempre terá opiniões mais sensatas que as dos homens, além de um temperamento bem mais calmo para chegar a conclusões satisfatórias.
Importante dizer que se encontrou, num estudo da Universidade de Montreal, no Canadá, a descoberta, feita por cientistas, de existir mais de um "ponto de Deus" no cérebro humano. Em outras palavras, descobriu-se que experiências místicas são mediadas por diversas regiões cerebrais e sistemas normalmente implicados em um grande número de funções -- consciência de si mesmo, emoção, representação do corpo. O trabalho, publicado na edição atual de Neuroscience Letters, foi encabeçado pelo pesquisador Mario Beauregard."O principal objetivo foi identificar os correlatos neurais da experiência mística", diz Beauregard. "Isso não diminui o valor dessas experiências, nem confirma ou desconfirma a existência de Deus".
Agora, a questão crucial do ser humano, segundo estudos científicos, reside no fato de ele possuir a inteligência intelectual sem o desenvolvimento da inteligência sentimental. Daí nasce o conflito entre a razão e a emoção. E desse conflito surgem tantos episódios desabonadores da raça humana, como a brutalidade, a violência, a imbecilidade, a animalidade, o descontrole diante de fatos e situações da vida.
Então, é nesse desequilíbrio do sentimento e da razão que repousa, atualmente, a dolorosa realidade do mundo. O grande erro das criaturas humanas foi entronizar apenas a inteligência, olvidando os valores legítimos do coração nos caminhos da vida.
O ensinamento hinduísta, que remonta a milhares de anos, tem a sua versão poética da evolução: 
                   “a alma dorme na pedra, 
                   sonha na planta, 
                   agita-se no animal 
                  e desperta no homem.
        Nesse diapasão, mas com alguma diferença, grifa Leon Denis: 
                   “Na planta, a inteligência dormita; 
                   no animal, sonha; 
                  só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente.”


A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.