Mais do que nunca, a educação está hoje em debate, no Brasil e em todo do mundo. Não há sociedade humana sem educação. E nós, seres humanos, possuímos uma herança cultural que precisa ser constantemente transmitida por mecanismos culturais. As crianças são "educadas" aprendendo com os adultos o que as gerações acumularam de conhecimentos e tecnologia, hábitos e atitudes, valores e crenças necessárias à vida em sociedade. Afinal, em que consiste a educação?
A educação consiste na formação do espírito isento de todo dogmatismo, visando capacitar a pessoa humana a elevar-se acima da corrente dos acontecimentos, ao invés de arrastar-se por eles. O ato de ensinar e de aprender sempre esteve intimamente ligado a concepção de mundo e de homem que as civilizações apresentaram. E, no decorrer da história, a educação escolar sempre esteve atrelada a duas instituições: ao governo e a igreja. Desse modo, a instituição escolar concorreu e auxiliou, a seu modo, para a perpetuação e desigualdade entre as pessoas, tanto quanto qualquer outra agência humana que tivesse o poder baseado na casta, na classe social ou no nível sócio-econômico dos indivíduos.
Sabem-se, segundo dados históricos, que a educação institucionalizada nem sempre teve um fio democrático como nos dias de hoje. Foi a partir de 4.000 A.C., com o advento da escrita e o fim da Pré-História, que surgiu a sociedade de classes. A partir de então, a educação passou a ser uma atividade isolada das demais, da pesca, da agricultura, da religião. Surgiu a profissão de professor que, até o século IV, D.C., era praticada por escravos.
Assim, a educação escolar, como nós a conhecemos na atualidade, é uma invenção muito recente. A escola de hoje começou na Grécia antiga, na Roma Imperial. Na Grécia antiga a educação era modelar, centrada na figura do herói, nos poemas épicos tais como Ilíada e Odisséia. Durante séculos, a educação literária tradicional, centrou-se na memorização e no canto acompanhado da lira, transmitindo às crianças e aos adolescentes gregos o ideal de vida e o modelo de conduta de Aquiles, Ulisses e Telêmaco, entre outros. Nessa sociedade, o homem deveria responder pelas atividades do mundo exterior, da vida pública, enquanto a mulher - esposa legítima - a vida deveria ser vivida no interior da casa, praticando atividades ligadas à manutenção e a procriação dos filhos, de bens e de tecidos, o gerenciamento dos escravos, o preparo de alimentos e a guarda dos tesouros familiares.
Na civilização espartana o homem era o resultado do cultivo permanente do corpo. Deveria ser forte, desenvolvido e eficaz em todas as suas ações. O processo de educação formal em Esparta era totalmente definido pelo Estado. Esta soberania era exercida tanto nas crianças quanto nos adultos. Ali, no entanto, os alunos eram educados para a vida militar. Nessa época, a educação era para meninos. As meninas aprendiam em casa.
Na Roma Antiga, durante séculos, a educação foi puramente doméstica. Pobre, preparava os filhos para o trabalho. Rico, ensinava aos seus descendentes a leitura, o cálculo, as leis das Doze Tábuas, que todo romano devia conhecer, além dos exercícios físicos e manejo das armas. Às vezes, eram acrescentadas noções de geografia, astronomia e de agrimensura. A educação terminava aos 16 anos, trocando então o jovem, a túnica com uma franja colorida (toga pretexta) por outra completamente branca (toga virilis). A educação tinha um caráter religioso e moral.
Na Idade Média, com a importância da Igreja e o poder dos ricos, a imagem do ensino é a de um monge trancado na biblioteca copiando um livro. Todo o saber dependia da cópia do livro. Esse cenário muda com a queda de Constantinopla, a descoberta das Américas e a invenção da imprensa no final do século XV, quando o mundo entrou na chamada "Galáxia de Gutenberg. A importância de um livro aumentou bastante. Com a imprensa, os textos que antes eram copiados, passaram a ser impressos. Começou a comercialização de livros. Muitos pensadores, como Erasmo de Roterdam, por exemplo, começam a pensar em uma mudança na ótica da cultura, o humanismo do Renascimento. O sagrado passou a ser considerado o ser humano. Até então, o mundo, a vida eterna e a Igreja eram o centro do universo.
Com a disseminação da Bíblia, no século XVI, surgiram militantes religiosos como Martinho Lutero, que disseminou novas expressões do pensamento cristão. Em 1534, a Igreja Católica promoveu o Concílio de Trento e a Reforma Católica, e criou uma relação de livros proibidos. Recriou-se a Inquisição, com a perseguição dos hereges. A Igreja Católica criou a Companhia de Jesus, que foi fundada por Inácio de Loyola, com o objetivo da catequização.
Com a catequese, os jesuítas chegam ao Brasil e, com eles, a educação aqui teve seu início. Desde o princípio, o padre José de Anchieta ensinou aos índios o latim e o português, e aprendeu com eles a língua tupi a tal ponto que foi capaz de escrever a primeira Gramática da língua tupi. Ele desenvolveu um método de ensino que aliava o teatro à educação. Foi o criador, no Brasil, do teatro educativo. As aulas eram verdadeiras peças de teatro. Cada personagem falava em uma língua: se era um santo, falava latim; se era português, português; se era índio, tupi. A partir de então a educação escolar ganhou nova forma e o Brasil viveu variadas fases educacionais. Todavia, nenhuma delas foi capaz de romper com as desigualdades sociais.
A educação no século XXI necessita de uma visão clara e desafiadora da cultura, onde estão inseridos os educadores e educandos. Querendo-se ou não, é por esta relação que se constitui a essência da ação pedagógica: ensinar a saber e a ser. Assim, a educação pode ser reformulada, voltada para o ser humano, não para os interesses econômicos – a chamada “educação do opressor”. Onde surgem interesses desiguais, a educação também é desigual. Essa é a realidade. A posse dos bens materiais separa os homens, e também desarmoniza a educação. O saber “oficial” torna-se um instrumento de poder político. Cabe ao educador empenhar-se para, de acordo com suas possibilidades e capacidade de intervenção, modificar esse estado de coisas, contribuindo para criar uma nova escola, uma nova educação, que seja capaz de transmitir e preservar os ensinamentos acumulados e, ao mesmo tempo, motivar os estudantes a questionar o que é consagrado.
A educação consiste na formação do espírito isento de todo dogmatismo, visando capacitar a pessoa humana a elevar-se acima da corrente dos acontecimentos, ao invés de arrastar-se por eles. O ato de ensinar e de aprender sempre esteve intimamente ligado a concepção de mundo e de homem que as civilizações apresentaram. E, no decorrer da história, a educação escolar sempre esteve atrelada a duas instituições: ao governo e a igreja. Desse modo, a instituição escolar concorreu e auxiliou, a seu modo, para a perpetuação e desigualdade entre as pessoas, tanto quanto qualquer outra agência humana que tivesse o poder baseado na casta, na classe social ou no nível sócio-econômico dos indivíduos.
Sabem-se, segundo dados históricos, que a educação institucionalizada nem sempre teve um fio democrático como nos dias de hoje. Foi a partir de 4.000 A.C., com o advento da escrita e o fim da Pré-História, que surgiu a sociedade de classes. A partir de então, a educação passou a ser uma atividade isolada das demais, da pesca, da agricultura, da religião. Surgiu a profissão de professor que, até o século IV, D.C., era praticada por escravos.
Assim, a educação escolar, como nós a conhecemos na atualidade, é uma invenção muito recente. A escola de hoje começou na Grécia antiga, na Roma Imperial. Na Grécia antiga a educação era modelar, centrada na figura do herói, nos poemas épicos tais como Ilíada e Odisséia. Durante séculos, a educação literária tradicional, centrou-se na memorização e no canto acompanhado da lira, transmitindo às crianças e aos adolescentes gregos o ideal de vida e o modelo de conduta de Aquiles, Ulisses e Telêmaco, entre outros. Nessa sociedade, o homem deveria responder pelas atividades do mundo exterior, da vida pública, enquanto a mulher - esposa legítima - a vida deveria ser vivida no interior da casa, praticando atividades ligadas à manutenção e a procriação dos filhos, de bens e de tecidos, o gerenciamento dos escravos, o preparo de alimentos e a guarda dos tesouros familiares.
Na civilização espartana o homem era o resultado do cultivo permanente do corpo. Deveria ser forte, desenvolvido e eficaz em todas as suas ações. O processo de educação formal em Esparta era totalmente definido pelo Estado. Esta soberania era exercida tanto nas crianças quanto nos adultos. Ali, no entanto, os alunos eram educados para a vida militar. Nessa época, a educação era para meninos. As meninas aprendiam em casa.
Na Roma Antiga, durante séculos, a educação foi puramente doméstica. Pobre, preparava os filhos para o trabalho. Rico, ensinava aos seus descendentes a leitura, o cálculo, as leis das Doze Tábuas, que todo romano devia conhecer, além dos exercícios físicos e manejo das armas. Às vezes, eram acrescentadas noções de geografia, astronomia e de agrimensura. A educação terminava aos 16 anos, trocando então o jovem, a túnica com uma franja colorida (toga pretexta) por outra completamente branca (toga virilis). A educação tinha um caráter religioso e moral.
Na Idade Média, com a importância da Igreja e o poder dos ricos, a imagem do ensino é a de um monge trancado na biblioteca copiando um livro. Todo o saber dependia da cópia do livro. Esse cenário muda com a queda de Constantinopla, a descoberta das Américas e a invenção da imprensa no final do século XV, quando o mundo entrou na chamada "Galáxia de Gutenberg. A importância de um livro aumentou bastante. Com a imprensa, os textos que antes eram copiados, passaram a ser impressos. Começou a comercialização de livros. Muitos pensadores, como Erasmo de Roterdam, por exemplo, começam a pensar em uma mudança na ótica da cultura, o humanismo do Renascimento. O sagrado passou a ser considerado o ser humano. Até então, o mundo, a vida eterna e a Igreja eram o centro do universo.
Com a disseminação da Bíblia, no século XVI, surgiram militantes religiosos como Martinho Lutero, que disseminou novas expressões do pensamento cristão. Em 1534, a Igreja Católica promoveu o Concílio de Trento e a Reforma Católica, e criou uma relação de livros proibidos. Recriou-se a Inquisição, com a perseguição dos hereges. A Igreja Católica criou a Companhia de Jesus, que foi fundada por Inácio de Loyola, com o objetivo da catequização.
Com a catequese, os jesuítas chegam ao Brasil e, com eles, a educação aqui teve seu início. Desde o princípio, o padre José de Anchieta ensinou aos índios o latim e o português, e aprendeu com eles a língua tupi a tal ponto que foi capaz de escrever a primeira Gramática da língua tupi. Ele desenvolveu um método de ensino que aliava o teatro à educação. Foi o criador, no Brasil, do teatro educativo. As aulas eram verdadeiras peças de teatro. Cada personagem falava em uma língua: se era um santo, falava latim; se era português, português; se era índio, tupi. A partir de então a educação escolar ganhou nova forma e o Brasil viveu variadas fases educacionais. Todavia, nenhuma delas foi capaz de romper com as desigualdades sociais.
A educação no século XXI necessita de uma visão clara e desafiadora da cultura, onde estão inseridos os educadores e educandos. Querendo-se ou não, é por esta relação que se constitui a essência da ação pedagógica: ensinar a saber e a ser. Assim, a educação pode ser reformulada, voltada para o ser humano, não para os interesses econômicos – a chamada “educação do opressor”. Onde surgem interesses desiguais, a educação também é desigual. Essa é a realidade. A posse dos bens materiais separa os homens, e também desarmoniza a educação. O saber “oficial” torna-se um instrumento de poder político. Cabe ao educador empenhar-se para, de acordo com suas possibilidades e capacidade de intervenção, modificar esse estado de coisas, contribuindo para criar uma nova escola, uma nova educação, que seja capaz de transmitir e preservar os ensinamentos acumulados e, ao mesmo tempo, motivar os estudantes a questionar o que é consagrado.
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