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quinta-feira, 1 de abril de 2010

A PRESENÇA ITALIANA NA LÍNGUA PORTUGUESA

 

babel

Uma língua viva, falada, recebe, naturalmente, influências de outras culturas. E, em artigos anteriores, falou-se da herança de outros povos na formação da língua portuguesa. Comentaram-se as influências: francesa, inglesa, espanhola, árabe, tupi, africana, grega. O texto de hoje contribui na compreensão da herança italiana na língua portuguesa.

É fato que o léxico de uma língua é formado por palavras vindas de vários lugares, e que isso depende do contato que os povos tiveram entre si. No português, temos palavras germânicas, árabes, francesas, italianas, japonesas, chinesas, só para ilustrar alguns legados, e nós as aprendemos quando precisamos usar. Por isso qualquer pessoa que entra num shopping center assimila o que é 50% off' (desconto de 50%) e isso não impede a comunicação.

O Brasil, em final do século XIX, recebeu levas de imigrantes de todos os cantos do planeta, mas nenhum influenciou tanto a cidade de São Paulo quanto os italianos. Eles vieram para a lavoura do café a partir de 1877 e faziam a rota contrária: do interior para a capital de São Paulo. Tanto foi assim que já no começo do século XX constituíam praticamente a metade da população da cidade. E, assim, da mistura da língua italiana com o português criaram aquilo que se chamou de “língua brasileira”.

As influências estão presentes em toda parte, na culinária, na passionalidade, no vestir, na educação, nas expressões, na música, na ciência e nas artes. Das correntes de imigração, os italianos só perderam, no final do século XIX, para os portugueses... os nossos descobridores.

O brasileiro é conhecido por gostar do tradicional arroz e feijão e, também, por apreciar um prato de massa. Assim é que muitas palavras da culinária italiana ingressaram no português de forma definitiva. Dentre elas enumeramos: Lasanha: lazanha/lasanha; Nhoque:enhoque/ nhioque; Espaguete: spaguetti/espaguete/ spaghet; Muçarela: mussarela/musarela/muzzarella; Pizza: piza; Taglierini: talharim/ Ravioli: ravióli; Panetone: panetone.

Algumas dessas palavras são grafadas de forma diferente de um canto ao outro do Brasil, ora com /s/ ora com /z/. Esse comportamento também é notado nos dicionários que registram essas formas aportuguesadas. Lasanha, por exemplo, em italiano se escreve com "s" e "gn", ou seja, "lasagna", e em português com "s" e "nh", "lasanha". Depois, vê-se "nhoque". Em italiano, é "gnocchi", mas, em português, escreve-se com "nh" no começo e "que" no final ("nhoque"). Vê-se também "espaguete", que em italiano se escreve "spaghetti" e vem de "spago", que quer dizer barbante. Há, ainda, a palavra mozarela/muçarela/mozzarella.

Segundo Pacheco Júnior, autor de "Gramática Histórica da Língua Portuguesa", cerca de 300 palavras italianas foram incorporadas ao português falado no Brasil. São exemplos: cantina, caricatura, fiasco, bravata, poltrona, alegro, aquarela, bandolin, camarin, concerto, maestro, piano, serenata, alarme, boletim, carnaval, confete, macarrão, mortadela, salsicha, além, é claro, do "ciao", tranformado em "tchau".

No Brasil, a imigração italiana foi tão forte que, segundo os dados oficiais, pode-se afirmar que de 1870, até hoje, a influência italiana no Brasil chegou a ultrapassar a influência portuguesa, tendo sido registrada a entrada de mais pessoas de nacionalidade italiana (34% do total) que de nacionalidade portuguesa (28%), enquanto que todas as outras nacionalidades juntas (espanhóis, japoneses, alemães, sírios/turcos etc) somam os 38% restantes.

Foi assim que nas comemorações dos 500 anos do Brasil o IBGE apresentou dados oficiais sobre a imigração no país, segundo os quais cerca de 1,5 milhões de italianos escolheram o Brasil como segunda pátria. A maior parte entrou nos Estados de São Paulo, Rio grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo. Esses imigrantes aqui constituíram parte significativa da família brasileira e, por isso mesmo, cada brasileiro carrega consigo, no vocabulário, traços culturais do italiano.

DICAS DE GRAMÁTICA

ESTA E ESTÁ, QUANDO USAR UMA OU OUTRA FORMA, PROFESSORA?

- Professora Toinha, esta caneta que está aqui é sua?

Esta - pronome demonstrativo, pois indica o lugar ou a posição dos seres e objetos em relação à pessoa que fala. 

Está - verbo estar - indica um estado ou qualidade.

Ex.:

a. Esta conversa já está ficando aborrecida.

b. Esta criança já está na escola.

c. Está incomodando esta música?

d. Está disposto a ganhar esta partida?

e. Esta janela está aberta.

HOUVE E OUVE, COMO USÁ-LOS?

Ouve: verbo ouvir, escutar. 

Houve: verbo haver, no sentido de acontecer, existir, sair-se bem ou mal.

Ex.:

a. Fale mais alto. Ele não ouve muito bem.

b. Em 1865 houve uma guerra entre o Brasil e o Paraguai.

c. Fale mais perto e baixinho, senão ela ouve o segredo.

d. Não fique nervoso. Não houve nada de grave.

e. Houve muita confusão no jogo de domingo.

f. Ela só ouve música clássica.

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei, meu trabalho vai ficar muito legal!

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.