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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A DIFÍCIL ARTE DE DEFINIR O AMOR

amor27

Indague o leitor o quê é o Amor, se saberia defini-lo? Se não souber, não se assuste, pois em verdade ninguém conseguiu, ainda, uma definição precisa. O Amor tornou-se uma das mais raras experiências de vida. Sim, fala-se sobre ele, estórias são escritas, canções são compostas, filmes são feitos, vê-se na televisão, no rádio, nas revistas - uma grande indústria continuamente supre o mundo com a idéia do que seja o Amor. Muitas pessoas estão constantemente envolvidas nisso, ajudando outras a entenderem o que é o amor. Mas ainda assim permanece como fenômeno desconhecido para milhões de pessoas no mundo, quando deveria ser o mais conhecido.

O Amor é uma experiência tão pessoal e intransferível como a morte. E, aqui, neste texto, as trilhas são os filósofos, poetas, artistas, amantes, apaixonados, gente que reflete o tema na busca de uma resposta. Se desejar, caminhe comigo e dê-se conta que a vida sem amor é NADA. O amor é TUDO!

Mozart, na ópera "O Casamento de Figaro", faz o imberbe e adolescente Querubino perguntar: "Dizei-me, vós que o sabeis: o que é o amor?" - todo o mundo se esgoelou, mas ninguém lhe respondeu a contento. Poetas e filósofos não conseguiram aproximarem-se mais do que eles (Mozart e Querubino) na difícil definição. E a característica mais notável a respeito é que todas as respostas discordam uma das outras.

Platão, por exemplo, sustenta ser o amor uma apreciação da beleza, principalmente da beleza das idéias abstratas e dos conceitos matemáticos. Descartes afirma que o amor é uma emoção em que a alma é incitada a juntar-se, de bom grado, a objetos que se afiguram agradáveis.

Dante, encerrando sua obra gigantesca, vinca o amor como uma verdade cósmica: "O amor que move o sol e as outras estrelas". O Fausto de Marlow espera que Helena o torne imortal com um único beijo. Walter Scott resume, sob o ponto de vista dos românticos, o amor como a força que age e domina a vida dos seres humanos, ao dizer: ”O amor governa a corte, o campo, o bosque. E os homens embaixo e os santos em cima. Pois o amor é o céu e o céu é o amor”.

Com se pode sentir, só para ilustrar umas poucas definições, o Amor é uma questão de vida, nunca se esgota, nunca se acaba. O que uma pessoa deve desejar e querer, intensamente, é amar mais, sempre mais, cada vez mais, cada dia mais. E que posa viver o Amor entre um homem e uma mulher, pais e filhos, entre as pessoas na terra, entre o Céu e a Terra. Que esse AMOR traga a PAZ, a HARMONIA, a TRANQUILIDADE, também a PAIXÃO, o RESPEITO de uns pelos outros. Pois o Amor é a porta da FELICIDADE!

E, embora cada pessoa ame a sua maneira e o modo de amar tenha sofrido transformações, através dos tempos, o Amor, desde a idade da pedra (quando o homem saia da caverna, pegava a mulher pelos cabelos e trazia-a para si), ainda é o mesmo na sua base fundamental: o encontro da outra metade para a realização do verdadeiro ideal de convívio, compreensão e perpetuação da espécie. E mesmo que a concepção do amor varie segundo os costumes de cada povo, quase todas as definições e as formas de exercê-lo são atribuídas aos gregos quando lhe deram dois nomes: "Eros" (o amor carnal) e "Agape" (o amor espiritual).

Do que aqui se reflete, é romântico seguir Shakespeare, no romance Romeu e Julieta, por acreditar que esse tipo de amor tem sempre, na sua descoberta, momentos de revelação e de ampliação do quadro que é a vida. Pois é ele quem se anuncia na beleza das flores, no azul do mar e do céu, no verdor das matas, na hora da Ave-Maria! Cantado em verso e prosa o Amor inspira o poeta a ver em tudo a sua essência. O Amor é também sentimento, atração, doação, alimento do corpo e da alma. O Amor é sentir a vida, é nascer de novo e diferente como se a vida mudasse o curso, querer a felicidade do outro acima de tudo, ficar feliz por dentro ouvindo o canto do próprio coração. Na verdade o Amor é tanta coisa e tanto que a definição deveria ser somente: SENTIR!!! SENTIR!!! SENTIR!!!

2 comentários:

Alma Acreana disse...

Querida Profª. Luísa,
olha só essa "definição" de amor do literato inglês John Galsworthy em "O Proprietário":

"...Havia se esquecido que o amor não é uma flor de estufa, mas uma planta selvagem, nascida de uma noite de chuva, de uma hora de sol, germinada de uma semente absurda que um vento de loucura atirou na estrada; uma planta selvagem a que chamamos flor se por acaso ela rebenta por entre a sebe do nosso jardim..."

Acho fascinante, pois vai de encontro à ideia de que o amor foge à nossa racionalização, é um sentir, como dissestes, um estado da alma. Algo meio bruto, mas que cultivado poderá rebentar numa bela flor...

Lindo esses seus textos sobre o amor!

Um grande abraço!

Luísa Galvão Lessa Karlberg disse...

Caríssimo Isaac,
É uma imensa alegria ler os teus comentários porque eles enriquecem o conteúdo do texto, no momento que trazes outras visões dentro da literatura. De fato, esse fantástico autor inglês trabalhou bem naquilo que entendia ser o amor. A sua contribuição é tanta que a gente se perde na beleza de sua imaginação, criação, liberdade, realidade. Isso se avista também em "A Casa de Campo". Ali, John Galsworthy diz que a maior felicidade que o amor pode dar é o primeiro aperto de mão da mulher que amamos... Com isso ele nos diz que o amor é real, não somente fonte de inspiração ou poesia. Embora um sentimento abstrato, habita e palpita dentro de cada um de nós, impulsionando a vida, fazendo-a mais e mais concreta.
Um fraternal e carinhoso abraço,

Luísa

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.