Os cientistas, em todo o mundo, têm avaliado o grau de intensidade das dores humanas. Há artigos interessantes que abordam o tema sob diversas óticas. Mas, aqui, neste breve texto, fala-se da dor da separação, da dor do abandono. Essa temática da separação amorosa desperta, na maioria das vezes, grande interesse e curiosidade, uma vez que muita gente já sofreu a dor de uma perda amorosa.
Esse sofrimento repercute de maneira diferenciada na vida de cada indivíduo.A verdade, afirmam os estudiosos, a separação entre um casal machuca tanto que, na escala das causas de estresse, vem imediatamente após a morte de uma pessoa significativa. Quando o vínculo amoroso é rompido, torna-se necessário um trabalho interior intenso – por vezes com auxílio de especialistas -- para a pessoa poder recuperar a autoestima, a energia psíquica, o equilíbrio emocional perdido. Isso porque o ser abandonado passa a viver uma espécie de “luto”. Freud (in Nasio,1997) diz que a dor da separação é psíquica, por isso mesmo terrível. A separação repercute na consciência humana como a morte em seu sentido literal.
Asseguram os estudiosos que a dor do abandono é uma das piores pelas quais um ser humano pode passar. Essa dor, segundo Caruso (1981) funciona como uma “eclosão da morte psíquica na vida dos seres humanos”. É isso que acontece com o fim de um relacionamento amoroso. Não é à toa que essa fase também é chamada de “luto”. Afinal, é a morte da idealização do amor eterno. Mas a vida também ensina que o ser humano cresce na adversidade. Toda dor um dia passa e essa cura fortalece a pessoa humana para superar os desafios do mundo.
Para Freud, respeitar o tempo de “luto” é essencial para trabalhar os sentimentos que afloram durante essa fase repleta de frustração, tristeza, raiva, desilusão, desengano etc. O fim desse processo é a aceitação do fato, momento em que a pessoa começa a entender que o relacionamento acabou, nunca mais vai voltar. Chegou ao fim. Mas até a pessoa alcançar esse estágio passará por grandes dificuldades: choro, dor, solidão, desespero, angústia dentre tantas outras. Todavia é preciso vencer, avançar, tirar boas lições da experiência vivida. Ninguém pode ser feliz ao lado de alguém que não tem amor para oferecer.
O fato é que esse “ furacão emocional” que homens e mulheres experimentam, após o fim de uma relação, foi batizado por especialistas norte-americanos de "síndrome do estresse da separação". A socióloga Hui Liu, pesquisadora da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, analisou entrevistas concedidas por 1.282 homens e mulheres, entre 25 e 83 anos, por um período de 15 anos. Em março de 2012, o estudo revelou que aqueles que viveram a experiência da separação tiveram mais problemas de saúde do que os que permaneceram casados, numa união estável, feliz.
Outro estudo também mostrou que o estresse psicológico aumenta o dano causado pelos radicais livres – moléculas instáveis que atacam células saudáveis e são, em parte, responsáveis por doenças como o câncer. Em uma pesquisa com mais de 10.800 mulheres, publicada em 2002 no American Journal of Epidemiology, descobriu-se que o estresse causado por eventos traumáticos como a separação, o abandono, poderiam estar associados ao aumento do risco de câncer de mama.
Como se disse, há muitos estudos nessa área. E sobre a dor de separação ou dor de abandono, ou dor de amor, dizem haver dois tipos: O primeiro é quando a relação termina e a pessoa, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,
considerando estar tão envolvida que não consegue avistar uma luz no fim do túnel.
O segundo tipo de dor é quando a pessoa começa a vislumbrar a luz no fim do túnel. A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de sentir-se nada importante para o ser amado. Mas quando esta dor passa nasce um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que se sentia. É a dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também...
A dor de esvaziar o coração é grande. Isso por que a pessoa se apega tanto ao Amor quanto á pessoa que o inspirou. Aí muita gente reclama por não conseguir esquecer certo alguém. Na verdade, aquele amor não retribuído tornou-se uma espécie de “souvenir”, lembrança de uma época bonita que foi vivida pelos dois. Assim, passa a ter um valor inestimável, é uma sensação pela qual a pessoa se apega em suas recordações, fazendo parte do seu ser, sua memória.
A partir das reflexões propostas pelo psicanalista Igor Caruso, pude-se perceber que a separação funciona como uma espécie de morte psíquica na vida dos seres humanos. E para que o apaixonado sobreviva a essa dor, é necessário que mate em sua consciência aquele outro que ainda vive. Porém, esta é uma tarefa que também ocasiona muito sofrimento pois, além de ter que fazer morrer o outro em sua consciência, o apaixonado terá que lidar com sua própria morte na consciência do outro. Deste modo, ao matar o Ego do outro, o próprio Ego também morrerá. É um processo difícil e doído.
Logicamente, para voltar a ser livre, disponível para outro amor, é preciso despir-se do “souvenir”, abrir mão de algo que foi importante, por muito tempo, mas que acabou. Então, é preciso romper com as lembranças, os apegos, alforriar-se, ficar disponível para um novo amor. A vida é um constante recomeço, assim como o raiar de cada dia. Quando menos a pessoa espera surge um novo e bonito amor. E a vida segue sempre linda, a depender do olhar que se faz para dentro de si. Ser amado é bom, importante, mas se amar, se gostar é muito melhor. Assim, é bom purificar a alma e o coração antes que o amor entre neles, isso porque, segundo o sábio Pitágoras (matemático e filósofo grego), “ até o mel mais doce azeda num recipiente sujo”. Finalizando acredito que o grande passo é investir em si mesmo, procurar, sempre, ser feliz.
DICAS DE GRAMÁTICA
A MAIORIA DAS PESSOAS SABEM OU SABE?
- Quando o sujeito for representado por um termo COLETIVO ou PARTITIVO for seguido de expressão preposicionada no plural, teremos duas possibilidades de concordância: A gramatical ou lógica, e a ATRATIVA.
Ex.1: A maioria das pessoas SABE. (concorda com o núcleo “maioria”) – no singular. Essa é mais aceitável pela norma culta. É gramatical ou lógica.
Ex.2: A maioria das pessoas SABEM. (concorda com o termo mais próximo no plural) É a concordância ATRATIVA - mais popular, coloquial – vista como forma secundária.
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