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terça-feira, 12 de julho de 2016

AUSÊNCIA DE VIRTUDES NA POLÍTICA BRASILEIRA







Vivemos um momento paradoxal no Brasil, onde valores são pisoteados e as virtudes soterradas em lamaçais de corrupção, que se alastram por todos os lados, desde a Petrobras aos correios, aos empréstimos consignados dos aposentados (Coitados!). Uma ladroagem escancarada, sem limites. Diante disso tudo, havemos de perguntar: onde estão as virtudes humanas?
Para quem não sabe, a Virtude é uma qualidade moral, um atributo positivo de um indivíduo. A Virtude é a disposição de um indivíduo de praticar o bem, não é apenas uma característica, trata-se de uma verdadeira inclinação. Virtudes são todos os hábitos constantes que levam o ser humano para o caminho do bem.
Virtude é um conceito que remete para a conduta do ser humano, quando existe uma adaptação perfeita entre os princípios morais e a vontade humana. Há virtudes intelectuais, que são ligadas à inteligência e há virtudes morais, que são relacionadas com o bem. A virtude intelectual consiste na capacidade de aprender no diálogo e na reflexão a busca do verdadeiro conhecimento. A virtude moral, por sua vez, é a ação ou comportamento moral, um hábito considerado bom, de acordo com a ética.
Virtude foi um tema bastante abordado pelo filósofo Aristóteles, que fez a diferenciação entre virtudes intelectuais e virtudes éticas (ou morais), sendo que o estado ideal é a moderação, o que se encontra no meio do defeito e do excesso. Virtude intelectual é aquela que nasce e progride graças aos resultados da aprendizagem e da educação, e a virtude moral não é gerada em nós por natureza, é o resultado do hábito que nos torna capazes de praticar atos justos.
Para Aristóteles, não existem virtudes inatas, todas se adquirem pela repetição dos atos, que geram o costume, e esses atos, para gerarem as virtudes, não devem desviar-se nem por falta, nem por excesso, pois a virtude consiste na justa medida, longe dos dois extremos. Tudo que falta ao mundo político brasileiro.
Na visão de Aristóteles, enquanto a virtude intelectual vem, via de regra, pelo aprendizado, requerendo tempo para desenvolver-se, a virtude moral é adquirida pelo hábito. O saber pouco ou nada conta na aquisição da virtude. É necessária a ação, o hábito, pois o saber é adquirido por aprendizado, sendo compatível, portanto, com a virtude intelectual. A prática desses atos deve nos indicar o caminho da moderação. Excesso ou falta, devem ser evitados. Segundo Aristóteles, a ação virtuosa deve ser voluntária e não contemplar hesitação. O virtuoso não possui qualquer conflito moral. Tanto quer fazer o bem quanto o faz e a vida feliz é a vivida segundo a virtude. Uma conduta ou sentimento tido de forma deficiente ou excessiva torna-se um vício.
  É, pois, essa conduta deficiente (ausência de virtudes) que tem envergonhado o Brasil diante do mundo. Seria difícil exagerar quando se afirma a gravidade da situação, no país, em várias esferas. O trecho a seguir, publicado, no dia 04/07/2016, por Simon Romero, o correspondente do The New York Times, no Brasil, evidencia o nível de calamidade da situação. Diz ele:

O Brasil está enfrentando sua pior crise econômica das últimas décadas. Um enorme esquema de corrupção tem prejudicado a empresa pública petrolífera nacional. A epidemia de Zika espalha desespero ao longo da região Nordeste. E, pouco antes de hordas de estrangeiros vierem ao país para as Olimpíadas, o governo luta pela sobrevivência com quase todas as frentes do sistema político sob uma nuvem de escândalo.

A extraordinária crise política brasileira apresenta algumas semelhanças com o caos liderado por Trump, nos EUA: um circo sui-generis, fora de controle, gerando instabilidade e libertando forças sombrias, com um resultado positivo quase impossível de se imaginar. A antes remota possibilidade de impeachment da presidenta Dilma Rousseff parece, agora, provável.
Porém, uma diferença significante em relação aos EUA é que a agitação no Brasil não se limita apenas a um político. O contrário é verdade, conforme Romero comenta: “quase todas as frentes do sistema político estão sob uma nuvem de escândalo”. O que inclui não apenas o PT, partido trabalhista de centro-esquerda da presidentA – atravessado por casos sérios de corrupção – mas também a grande maioria dos grupos políticos e econômicos de centro e de direita que agem para destruir o PT e que estão afundando, em uma quantidade ao menos igual, na criminalidade. Em outras palavras, o PT é, sim, profundamente corrupto e banhado em escândalos, mas, virtualmente, assim também são todos os grupos políticos trabalhando para minar o partido e obter o poder que foi democraticamente entregue a ele.
Diante do quadro que aqui se expõe, faltam aos políticos brasileiros as virtudes intelectuais e morais. Diria que nem nos 21 anos de ditadura militar elas foram tão escassas. É verdade que foram anos brutais e tirânicos, mas não havia essa roubalheira descontrolada. Dentre as muitas “vítimas” estava  Dilma Rousseff, então guerrilheira e assaltante de banco da esquerda democrata, presa e torturada pelo regime militar, nos anos 70, mas que hoje, aliada ao Lula, lega ao país a maior quadrilha de ladrões de nossa história. Essa dupla e seus comparas desconhecem as virtudes morais e intelectuais. E o pior de tudo, o tempo de aprenderem o que seja honestidade já passou. Agora, o aprendizado deve ser na cadeia. Grita, Brasil!

DICAS DE GRAMÁTICA

PARA MIM FAZER ou PARA EU FAZER, PROFESSORA?
- Gente, muita atenção, o’Mim’ não faz nada, é preguiçoso! Isso mesmo, mim é um pronome pessoal oblíquo, ele não pode vir antes de um verbo exercendo função de sujeito em uma oração. Sendo assim, o correto é dizer:
Para eu fazer, Para eu falar, Para eu estudar e assim por diante, com os demais verbos.
SEJE ou SEJA, ESTEJE ou ESTEJA?
- Sabemos que na modalidade oral é muito comum ouvir muita gente boa dizer “que seje eterno enquanto dure”,“esteje onde estiver”, mas na escrita, que é o lugar onde as regras devem ser respeitadas, esqueça o seje e o esteje e faça a correção gramatical: seja e esteja sempre serão as únicas opções possíveis!

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A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.