O idioma português chegou ao território brasileiro
a bordo das naus portuguesas, no Século XVI, para se juntar à família linguística
tupi-guarani, em especial o Tupinambá, um dos dialetos Tupi. Os índios,
subjugados ou aculturados, ensinaram o dialeto aos europeus que, mais tarde, passaram
a se comunicar nessa “língua geral” - o Tupinambá. Em 1694, a língua geral
reinava na então colônia portuguesa, com características de língua literária,
pois os missionários traduziam peças sacras, orações e hinos, na catequese.
Com a chegada do idioma iorubá (Nigéria) e do quimbundo
(Angola), por meio dos escravos trazidos da África, e com novos colonizadores,
a Corte Portuguesa quis garantir uma maior presença política. Uma das primeiras
medidas que adotou, então, foi obrigar o ensino da Língua Portuguesa aos
índios.
Lei do diretório - Em seguida, o Marques de
Pombal promulgou a Lei do Diretório (1757) que abrangia a área compreendida
pelos estados do Pará e do Maranhão, um terço do território brasileiro de
então. Esta lei considerava a língua geral uma “invenção verdadeiramente
abominável e diabólica” e proibia às crianças, filhos de portugueses, e aos
indígenas aprenderem outro idioma que não o português.
Em 1759, um alvará ampliou a Lei do Diretório: tornou
obrigatório o uso da língua portuguesa como idioma oficial em todo o território
nacional. Portanto, ao longo de dois séculos, o Brasil possuiu dois idiomas: a
língua geral ou tupinambá e o português.
Português no mundo - Hoje, o mundo que fala
português (lusófono) soma cerca de 240 milhões de pessoas. É o oitavo idioma
mais falado no planeta e a terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês
e o castelhano. É, ainda, o idioma oficial de sete países, todos eles
ex-colônias portuguesas: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique,
Portugal e São Tomé e Príncipe.
Os indígenas – legaram muitas palavras
ao português brasileiro ligadas à fauna, flora, toponímia, tais como: - Oi:
saudação tupi; Pererê (forma apocopada de perereca – pere’eka = ir aos saltos):
aquele que anda pulando, vindo daí o personagem saci-pererê, que possui uma
única perna; Pororoca/peruruca (apopora/poporak = pular): pipoca; fenômeno da
região amazônica, quando o rio Amazonas se encontra com o mar;Sururu (seru’ru =
mexilhão): mexilhão; revolta, motim; Tapera (taba = aldeia + puera = o que
foi): aldeia abandonada; casa em ruínas;Tiririca (aimotyryryk = arrastar): planta
que se espalha; Diz-se também da pessoa que ficou zangada, enfezada.
Os africanos - contribuíram com muitas
palavras, tais como: Divindades, conceitos e práticas religiosas – Oxalá,
Ogum, Iemanjá, Xangô, pombajira, macumba, axé, mandinga, canjerê, gongá (ou
congá); Comidas e bebidas – Quitute, vatapá, acarajé, caruru,
mungunzá, quibebe, farofa, quindim, canjica e possivelmente cachaça;
Topônimos, isto é, nomes de lugares e locais – Caxambu,
Carangola, Bangu, Guandu, Muzambinho, S. Luís do Quitunde; cacimba,
quilombo, mocambo, murundu, senzala; Roupas, danças e instrumentos
musicais – Tanga, miçanga, caxambu, jongo, lundu, maxixe, samba,
marimba, macumba (antigo instrumento de percussão), berimbau;
Animais, plantas e frutos – Camundongo, caxinguelê, mangangá,
marimbondo, mutamba, dendê, jiló, quiabo; Deformidades, doenças, partes
do corpo – Cacunda, capenga, calombo, caxumba.
Os
italianos – muitas palavras,
como nos poucos exemplos: Lasanha: lazanha/lasanha; Nhoque:
nhoque/ nhioque; Espaguete: spaguetti/espaguete/ spaghet; Muçarela:
mussarela/musarela/muzzarella; Pizza: piza; Talharim: taglierini;
Ravióli: ravióli; Panetone: panetone, Cantina,Caricatura, Fiasco,
Bravata, Poltrona, Alegro, Aquarela, Bandolin, Camarim.
Os franceses: Restaurante,Manchete, Garçon,Vernissage,
Echarpe, Tricô, Abajur, Chofer, Butique, Laquê, Bisturi, Bureau, Buquê, Boné, Toalete, Purê,
Cabaré, Cabina, Cachecol, Buffet, Buquê,
Bidê, Bibelô, Avalanche, Paletó, Pane, Pasteurizar, Pivô, Placar, Plaqueta,
Platô, Plissado.
Os espanhóis – Cavalheiro, Lhano, Airoso,
Cabecilha,Caudilho, Guerrilha,Ganadaria, Bandarilha, – Muleta, Faina, Trecho,Tijolo,
Moçoila, Hediondo, Moreno.
Os gregos - há
inúmeras palavras de origem grega usadas no dia-a-dia: autóctones, crônica, demônio, fantasma, órfão, salamandra, bolsa, corda, caixa, ermo, golfo, gruta,
tio, anjo, bispo, crisma, diabo, esmola, igreja, mosteiro, farol,
guitarra, falange, gesto, sugestão,
tigela, cara, calma, governar, alergia,
gravador, eletrônica, filosofia, biologia etc.
Os árabes - naquilo
que toca à significação dos arabismos do português, apontam-se as seguintes categorias
semânticas: 1) designações de cargos e dignidades: alcaide, alferes,
almoxarife; 2) termos castrenses: arraial, arrebate, alcácer,
alcáçova, atalaia; 3) de administração: aldeia, arrabalde,
alfoz; alfândega, alvará, almoeda; 4) de plantas
cultivadas e silvestres: arroz, algodão, alcachofra, cenoira,
laranja, açúcar, alfarroba, alecrim, açucena, alfazema;
5) de profissões e indústrias: alfaiate, alveitar, almocreve,
alvanel, algoz, azenha, atafona, adobe; 6) de unidades de
medida: almude, arrátel, alqueire, arroba; 7) de animais: atum,
alcatraz, alforreca, alacrau, javali, 8) de
particularidades topográficas: albufeira, alverca, algar, lezíria,
recife; 9) de artigos de luxo e instrumentos de música: almofada,
alcatifa, marfim, alfinete, adufe, rabeca, anafil,
alaúde; 10) de produtos agrícolas e industriais: azeite, álcool,
alcatrão; 11) da vida pastoril: zagal, alfeire, rês,
tabefe, almece; 12) de arquitetura: aljube, chafariz,
açoteia, alvenaria; 13) das ciências exatas: algarismo, álgebra,
cifra, auge, etc. Há, também, o adjetivo <>, o
pronome indefinido <>, a interjeição <>,
a preposição <>.
Os
alemães - O nosso
chope de cada dia não tem a ver, na sua etimologia, com a palavra cerveja,
tratando-se de uma unidade de medida originada do alemão Schoppen, equivalente a cerca de meio litro.
Avista-se, então, que a globalização
não traz nenhum prejuízo a nenhum idioma. Pelo contrário, transporta um grande
enriquecimento. Uma língua falada ganha muita dinamicidade, que deve acompanhar
a vida das pessoas, nas suas mudanças e transformações no curso do tempo. Assim
como as pessoas empreendem viagens, assim também a língua. Se o idioma fica
parado, estático, ele fenece, morre. A dinamicidade da vida, a modernidade do
mundo, colocam as pessoas, as culturas, as línguas, num circuito global, daí os
empréstimos de um idioma para outro.
DICAS DE
GRAMÁTICA
“AO NÍVEL
DE” ou “EM NÍVEL DE”, PROFESSORA?
- AO NÍVEL DE significa
“à mesma altura”, como no exemplo “A cidade do Rio de Janeiro fica ao nível
do mar,
enquanto Brasília é mais alto”
- EM NÍVEL DE é o mesmo
que “no âmbito de” e indica escopo. Exemplo: “A decisão foi tomada em nível
de direção,
não cabe recurso”
Dica: por favor, aprenda que não
existe a expressão “a nível de” como muitos gostam de falar por
aí.
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