Por isso mesmo, diferentes línguas podem ter
dois códigos de comunicação totalmente diversos; ou, em alguns casos, até mesmo
concepções diferentes de interação humana como resultado de profundas
diferenças culturais. Este é, por exemplo, o caso do idioma japonês, quando
comparado a qualquer uma das línguas europeias. É necessário ter uma mente
japonesa, dizem, para se poder falar japonês corretamente - o que sem dúvida é
verdadeiro.
Felizmente as diferenças entre português e
inglês não são tão profundas. Devido a origens comuns - a cultura grega, o
Império Romano e seu idioma, e a religião Cristã - todas as culturas europeias
e suas línguas podem ser consideradas muito próximas no contexto amplo das
línguas do mundo. Poderíamos, por exemplo, dizer que a língua espanhola é quase
irmã gêmea do português; a língua italiana, sua meia-irmã; o francês, seu
primo; e o inglês, talvez um primo de segundo grau.
Além das origens comuns que diminuem diferenças
culturais, semelhanças linguísticas entre inglês e português ocorrem,
predominantemente, apenas no plano de vocabulário, quando na forma escrita.
Estruturação de frases e, especialmente pronúncia, apresentam profundos
contrastes. Numa análise superficial das diferenças no plano da pronúncia,
podemos relacionar as seguintes diferenças:
CORRELAÇÃO PRONÚNCIA x ORTOGRAFIA: A primeira grande dificuldade que logo salta aos olhos (e
aos ouvidos) do aluno principiante é a difícil interpretação oral das palavras
escritas em inglês. No português, a interpretação oral de cada letra é
relativamente clara e constante e, no espanhol, é quase perfeita esta
correlação. No inglês, entretanto, não apenas é pouco clara e às vezes até
muda, como altamente irregular. Ex: literature
[lItrâtshuwr], circuit [sârkât]. Ver Correlação Ortografia x Pronúncia.
RELAÇÃO VOGAIS x CONSOANTES: O inglês faz um uso do sistema articulatório e exige um
esforço muscular e uma movimentação de seus órgãos, especialmente da língua,
significativamente diferentes, quando comparado à fonética do português. A
articulação de muitos sons do inglês bem como de outras línguas de origem
germânica, pode ser facilmente classificada como sendo de natureza difícil.
Isto está provavelmente relacionado ao fato de que o inglês é rico na
ocorrência de consoantes enquanto que o português é abundante na ocorrência de
vogais e combinações de vogais (ditongos e tritongos). Ex: December is the twelfth month of the year. /
Eu vou ao Uruguai e o Áureo ao Piauí. / Eu sou europeu.
SINALIZAÇÃO FONÉTICA: O inglês é uma língua mais econômica em sílabas do que o
português. O número de palavras monossilábicas é muito superior quando
comparado ao português. Ex:
beer / cer-ve-ja
book / li-vro car / car-ro dream / so-nho |
head / ca-be-ça
house / ca-sa milk / lei-te speak / fa-lar |
trip
/ vi-a-gem
white / bran-co wife / es-po-sa write / es-cre-ver |
Além
disso, a média geral de sílabas por palavra é inferior, pois mesmo palavras
polissilábicas e de origem comum, quando comparadas entre os dois idiomas,
mostram uma clara tendência à redução em inglês. Ex:
gram-mar
/ gra-má-ti-ca
mo-dern / mo-der-no na-ture / na-tu-re-za te-le-phone / te-le-fo-ne |
com-pu-ter
/ com-pu-ta-dor
prin-ter / im-pres-so-ra air-plane / a-vi-ão psy-cho-lo-gy / psi-co-lo-gi-a |
Em frases, este fenômeno tende a
aumentar. Ex:
Let's-work (2 sílabas)
I-like-be-er (4 sílabas) How-old-are you? (4 sílabas) I-want-cof-fee-with-milk (6 sílabas) Did-you-watch-that-mo-vie? (6 sílabas) |
Va-mos-tra-ba-lhar
(5 sílabas)
Eu-gos-to-de-cer-ve-ja (7 sílabas) Quan-tos-a-nos-vo-cê-tem? (7sílabas) Eu-que-ro-ca-fé-com-lei-te (8 sílabas) Vo-cê-as-sis-tiu-à-que-le-fil-me? (10 sílabas) |
Estudos de fonoaudiologia demonstram que a
baixa média de sílabas por palavra do inglês se traduz numa dificuldade maior
de percepção por oferecer uma menor sinalização fonética bem como menos tempo
para decodificar a informação. Isto se traduz também num grau de tolerância
inferior para com desvios de pronúncia. Ver Sinalização Fonética.
NÚMERO DE FONEMAS: Outra diferença fundamental é encontrada no número de
fonemas vogais. Devido à economia no uso de sílabas, o inglês precisa de um
número maior de sons vogais para diferenciar as inúmeras palavras
monossilábicas. Enquanto que português apresenta um inventário de 7 vogais (não
incluindo as variações nasais), no inglês norte-americano identifica-se
facilmente a existência de 11 fonemas vogais. Logicamente a percepção e a
produção de um número maior de vogais do que aquelas com que estamos
acostumados em português representará uma grande dificuldade. Veja-se, para
contribuir mais, vogais do português e do inglês.
Encontram-se, também, diferenças no plano dos
sons consoantes. Além de rico na ocorrência de consoantes, o inglês possui um
número maior de fonemas consoantes. Estudos fonológicos normalmente classificam
24 consoantes em inglês contra 19 no português. Além disso, consoantes em
inglês podem ocorrer em posições que não ocorreriam em português. Veja-se,
também, Consoantes do Português e do Inglês.
ACENTUAÇÃO TÔNICA: Acentuação tônica de palavras é outro aspecto que
representa um contraste importante entre português e inglês. A forma
predominante de acentuação tônica de uma língua influi significativamente na
sua característica sonora. Enquanto que em português encontramos apenas 3 tipos
de acentuação tônica - oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas, - sendo que a
acentuação paroxítona é a predominante, em inglês encontramos pelo menos 5
tipos de acentuação tônica e nenhuma predominante. Veja-se, ainda, acentuação
tônica das palavras em inglês e em português.
RITMO:
O ritmo da fala também é uma
característica importante da língua. Enquanto que o português é uma língua syllable-timed, onde cada sílaba é
pronunciada com certa clareza, o inglês é stress-timed, resultando numa compactação
de sílabas, produzindo contrações e exibindo um
fenômeno de redução de vogais como consequência. Vejam-se mais sobre este tema
em ritmo e fenômeno das
reduções de vogais.
Qualquer estudo de
diferenças fonéticas entre inglês e português, bem como o estudo da correlação
entre a ortografia e a pronúncia do inglês, mesmo que superficiais, servem de
evidência de que não há aprendizado de inglês se não houver intenso contato com
a língua na sua forma oral.
Seria mais eficaz
proporcionar ao jovem 3 ou 4 anos de contato com a língua falada, na escola de ensino
fundamental, do que os 7 ou 8 anos de contato com a língua escrita
(predominantemente tradução e gramática) atualmente oferecidos no ensino médio
e escolas superiores.
DICAS DE
GRAMÁTICA
COMO USAR “A PRINCÍPIO” ou
“EM PRINCÍPIO”, PROFESSORA?
- EM PRINCÍPIO é o mesmo
que “em tese”, “de um modo geral”, como na frase “Em princípio, achei
você uma pessoa muito legal”
- A PRINCÍPIO significa
“começo”, “início”, como na frase “A princípio, achei você uma pessoa
muito legal. Mas depois percebi que me enganei.”
DEMAIS ou DE MAIS?
- DEMAIS pode ser usado como
advérbio de intensidade no sentido de “muito”, e também como pronome indefinido
no sentido de “outros”. Como na frase “A situação deixou os demais candidatos
chateados demais!”
- DE MAIS é o oposto de “de
menos” e são sempre referidos a um substantivo ou pronome. Exemplo: “Existem
candidatos de mais para eleitores de menos“.
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