Atualmente, a família
tem passado para a escola a responsabilidade de instruir e educar seus filhos e
espera que os professores transmitam valores morais, princípios éticos e
padrões de comportamento, desde boas maneiras até hábitos de higiene pessoal.
Mas, aqui neste texto, ressaltamos a importância e o dever da família no
desenvolvimento da juventude, como o primeiro ambiente socializador, sempre foi
e será essencial no desenvolvimento e na maturidade biopsicossocial. Nessa
perspectiva, estudiosos apontam algumas funções essenciais que podem ser
agrupadas em três categorias: biológica, psicológica e social.
Inicialmente,
afirmamos que da família tem à responsabilidade de garantir a sobrevivência da
espécie humana, como função psicobiológica, ao oferecer os cuidados necessários
para que a criança cresça de modo saudável e adequado. Naquilo que se refere às
funções psicológicas, apontamos quatro funções ou deveres básicos da família: a)
proporcionar afeto à criança -- elemento essencial que garante a sobrevivência
emocional dela; b) oferecer condições amparo e amor para superar as angústias
existenciais durante o processo de desenvolvimento; c) fornecer o aprendizado
adequado para a inclusão da criança no ambiente; d) trabalhar o desenvolvimento
social e cognitivo para uma perfeita convivência grupal.
Segundo o
estudioso Romanelli (1997), o ambiente familiar permite a expressão do amor e
da amizade, em que estão inseridos relacionamentos íntimos e demonstração das
emoções e dos sentimentos. Portanto, podemos dizer que é no interior da família
que a criança cultiva os primeiros relacionamentos interpessoais, com pessoas
significativas, produzindo os afetos que, por sua vez, funcionam como uma base
afetiva importante quando ela alcance a maturidade. Essas trocas emocionais
estabelecidas, ao longo da vida, são fundamentais para o desenvolvimento das
pessoas, enquanto aquisição de condições físicas e mentais centrais para cada
etapa da vida psíquica.
Outro lado
importante é a função social familiar, como um centro da comunicação cultural
ou da transmissão de sentido da sociedade aos seus membros. Também, na
preparação deles para o aprendizado da cidadania. No meio social, sempre é possível notar quando
o processo de transmissão de sentido causa conflitos na formação da
subjetividade, quando há desordens internas e a discrepância entre o
"ser" e o "dever" se manifesta de tal modo a causar
sofrimento.
Sabemos que a
crise vivida na adolescência afeta direta ou indiretamente todos os familiares,
permitindo repensar e sendo vista como uma fase do ciclo vital familiar que
provoca intensas mudanças nas relações, sobretudo entre pais e filhos, como
discorrem Pratta e Santos (2007). Isso pais e filhos estão em tempos distintos
de transformações: jovens debatem sobre valores e regras familiares,
preocupados com questões futuras; os pais estão em um período de rever a
problemática profissional, de reflexão e de mudança, até mesmo repensando o
futuro.
Todavia, o
contexto familiar é também indispensável para a superação das crises pelas
quais os jovens estão sujeitos durante todo o desenvolvimento natural da vida.
É importante a reflexão sobre as modificações, a aceitação das diferenças e as
mudanças pessoais dos membros que a constituem enquanto família. Naturalmente,
conflitos e tensões obedecem a aspectos marcantes da vida familiar, dado que a
expressão de sentimentos, aspirações e afetos é vivenciada com mais liberdade
nesse âmbito. Para a manutenção da saúde familiar além da capacidade de
superação das crises, são necessários qualidade das relações intrafamiliar e
laços familiares adequados com a sociedade em que a família está residindo.
Considere-se,
ainda, que os jovens normalmente são portadores de diversos conflitos consigo e
com a sociedade, numa fase do desenvolvimento, em que há grande demanda de
pulsão sexual, de busca pela autonomia e, ao mesmo tempo, necessidade de se
sentirem seguros e acolhidos pelos adultos. Quando o comportamento antissocial
surge da privação de cuidados, de afeto ou atenção, por parte da sociedade e
dos familiares, a delinquência é um pedido de socorro, uma forma radical de ter
a atenção da sociedade e dos pais, frente à ausência de referencial na vida.
Nesse
entremeio, a estética no meio social jovem é hipervalorizada. Apesar de algumas
inibições e timidez os jovens, na maioria, entram pelo caminho bem calculado do
desejo íntimo de serem interessantes ou perfeitamente lindos para terem
reconhecimento do grupo. Nas festas e baladas noturnas, eles encontram a
oportunidade para se auto-afirmarem, embora essa exposição possa representar o
ressoar de inseguranças e falta de maturidade - quando encontram sua plenitude
ou maturidade, por exemplo, há uma tendência de se distanciarem naturalmente
dessa forma de lazer.
A mudança do
espaço-tempo é sinalizada na passagem da faixa etária consolidada nos produtos
de consumo que rotulam, etiquetam e criam a imagem dos jovens baseados na
estética e no poder econômico. No lugar da busca pela identidade estão os ritos
que promovem a perda da identidade, ou melhor, a alienação social e cultural do
indivíduo enquanto está nas vias de ser um sujeito social.
Com tudo aqui
posto, ressalte-se o papel da família numa sociedade. Não são suficientes
programas assistenciais, mais urgentes é o respeito e a valorização da família
como célula-mater da sociedade. A família constitui o fenômeno que funda a
sociedade. No decorrer da evolução histórica permanece como matriz do processo
civilizatório, como condição para a humanização e para a socialização das
pessoas. A família tem papel fundamental como educadora e formadora da
capacidade de simbolização e de atribuir significado às vivências pessoais nos
indivíduos que nela se desenvolvem. O ninho familiar é o locus no qual o indivíduo revela suas tendências inatas e absorve
do meio os códigos orientadores de seu desenvolvimento.
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