Luísa
Karlberg lessaluisa@yahoo.com.br
Sabemos,
nós, que trapaça é uma forma de enganar.
E trapaça sempre será trapaça, mesmo na comunicação oral ou escrita, porquanto
são meios de burlar, ferir o padrão culto do idioma. Existem muitos modismos
que passam com o tempo, outros permanecem no idioma. Todavia alguns são
insuportáveis e diminuem o status do falante, que não aprendeu a respeitar o
idioma pátrio e que se enche de modismos e achismos na crença de ser “moderno”,
quando, na verdade, parece “ridículo” em face dos padrões de bem falar que podem levar a imagem do falante ao
precipício.
É
fato que quase todas as pessoas, no mundo,
usa, vez por outra, uma gíria ou um cacoete linguístico. Esse cacoete é um
fenômeno da linguagem se popularizou depois da década de 60, quando
comunicadores mais rebeldes resolveram contestar a língua tradicional e
começaram a soltar verbetes considerados ousados. Assim, originária de grupos, o cacoete ou a
gíria é uma palavra comum que substitui termos oficiais.
Agora
está muito em moda a expressão “tipo” ou “tipo assim” que nada dizem, são
muletas mudas que empobrecem o universo linguístico do falante. Vejamos:
1.
Tipo: “Eu não sei (tipo), acho melhor a
gente (tipo) pensar melhor no que vai fazer para depois (tipo) não sofrer com
as consequências...”. Quem entendeu?!
2.
Meio que:
De
repente você “meio que” se identificou com nossa lista de cacoetes
linguísticos? Não se desespere, conhecer os vícios de linguagem é uma ótima
maneira para superá-los! O professor (meio que) pegou os alunos de surpresa com
aquela prova!
3.
Tipo assim:
O
“tipo assim” tornou-se uma espécie de epidemia linguística e, nos casos mais
graves, pode ser encontrado até mesmo nos textos escritos. Que tal um antídoto?
Formalmente, o “tipo assim” não possui nenhum valor semântico! Ele ficou (tipo
assim) chocado com a notícia que recebeu! Ela é (tipo assim) uma professora.
"Tipo assim" significa tudo e significa nada. Pode ser eliminado de
todas as frases e não faz falta. Mas quem se viciou na dupla não passa sem ela.
"Ele é um homem tipo assim bruto", me confidenciou a manicure sobre o
novo namorado. "O livro que você quer é tipo este?", me perguntou o rapaz
na livraria.
4.
Cara
“Cara”,
“tipo assim”, todo mundo conhece alguém que adora se referir às outras pessoas
dessa maneira, não é mesmo? E quando o “cara” não serve nem para isso? Pois é,
acontece, veja um exemplo: (Cara), você perdeu, (cara) o show foi muito bom, só
feras (cara)!
5.
Gerundismo:
Muitos
de nós somos vítimas desse cacoete linguístico. O gerundismo é um modismo que
utiliza de maneira inadequada a forma nominal gerúndio. Na tentativa de
reforçar uma ideia de continuidade de um verbo no futuro, acabamos complicando
o que já é suficientemente complicado, e o que antes podia ser dito de maneira
mais econômica e direta foi substituído por uma intrincada estrutura que
prefere utilizar três verbos em vez de apenas um ou dois: Nós vamos estar identificando
o problema e assim que pudermos estaremos entrando em contato para
solucioná-lo. = Nós vamos identificar o problema e assim que pudermos entrarei em
contato para solucioná-lo.
6.
Enfim:
Muita
gente letrada inicia um pensamento, não conclui e diz “enfim” como desfecho: Ou
vou sair hoje, mesmo que chova, enfim; Estou cansado de ficar em casa, vou
sair, enfim. Não gostos das coisas que ela me fala, enfim.
7.
Tá falado:
Atua,
na linguagem, como uma ordem, determinação, imposição, mas nada significa, não
passa de um entulho linguístico. Ex.
Todos, em casa, tá falado; A ordem é essa, tá falado; Se sair a gente mete
bala, tá falado; quem quiser morrer vai morrer, tá falado.
Agora
que o falante já sabe o que são os cacoetes linguísticos, poderá evitá-los,
sobretudo na linguagem escrita. Mas é importante ressaltar que diversos
aspectos, como as variações linguísticas, a influência do coloquialismo e o
dinamismo da comunicação, devem ser observados. A principal função da língua,
que é um instrumento dos falantes e para os falantes, é auxiliar nas interações
sociais, e fazer-se compreendido é o que realmente importa. Como dizem os
linguistas, devemos nos adequar aos tipos de linguagem, de acordo com o
contexto comunicacional e sermos poliglotas em nosso próprio idioma.
Na
linguagem culta, cacoete linguístico ou gíria é considerada plebeísmo, ou seja,
desvio que caracteriza falta de instrução. Como o nível de linguagem está
relacionado à imagem que se deseja transmitir, é importante avaliar se o ambiente
é propício para usar a informalidade exagerada que a gíria propõe para que o
uso indiscriminado não acarrete em perda da credibilidade. Principalmente para
quem é líder, fala em público, ou é formador de opinião, é recomendável
conhecer seu público antes de se aventurar a dizer gírias que podem não colaborar com
a imagem pessoal e profissional daquele
que usa um cacoete linguístico ou uma
gíria.
Fato
curioso é como um determinado uso de palavras se populariza, se espalha como um
vírus, e depois desaparece, como se tivéssemos desenvolvido imunidade. Que
desapareça eu entendo e comemoro. Quem vai lamentar o abandono da locução
"a nível de..." e “tipo assim”, “enfim”, “ que se usou anos atrás” ou
"de repente"? Que descansem em paz. Ainda espero ansiosa que enterrem
também o "diferenciado", que tem sido usado para qualquer coisa que
se quer elogiar vagamente, imprecisamente. É lindo, sofisticado, único? “Não,
não é bem isso... É diferenciado”! Na verdade é mesmo ridículo, falta de
criatividade, pobreza vocabular.
Como
solucionar os cacoetes e as gírias? – Estudando as regras de bem falar, afinal
são elas que mais vão dizer quem é cada um de nós. As palavras são como
espelhos. A ideia é não mudar a personalidade e individualidade de ninguém. Mas
enquanto o profissional está na sua
sagrada missão de trabalho precisa estar à frente de qualquer gíria. Afinal
esse falante representa a empresa onde trabalha, revela sua classe social, sua
formação educacional, sua inteligência e mesmo sua capacidade comunicativas com
os demais utentes. Por isso tudo, não seja purista, seja correto e não agrida o
idioma pátrio!
FAZEM
DOIS ANOS QUE NÃO O VEJO.
ERRADO.
ERRADO.
O
certo é faz dois anos. Faz 100 anos.
Não importa o número de anos, décadas, séculos.
O verbo fazer quando se refere ao tempo é sempre no singular.
Faz, fez, fará.
Não importa o número de anos, décadas, séculos.
O verbo fazer quando se refere ao tempo é sempre no singular.
Faz, fez, fará.
DIA PRIMEIRO DE MAIO É O DIA INTERNACIONAL DO TRABALHADOR.
CERTÍSSIMO.
Por
tradição, nunca falamos ou escrevemos 1 de maio, 1 de dezembro etc.
O primeiro dia do mês é sempre primeiro.
Se você não quiser escrever por extenso, escreva o número 1 + ponto + a respectiva bolinha:
1.º
O primeiro dia do mês é sempre primeiro.
Se você não quiser escrever por extenso, escreva o número 1 + ponto + a respectiva bolinha:
1.º
ENTRAR PARA DENTRO – SAIR PARA FORA
SUBIR PARA CIMA – DESCER PARA BAIXO
EVITE!
É
uma redundância. Um exagero! Entrar é sempre para dentro. Sair é sempre para
fora.
Subir é para cima. Descer é para baixo. Prefira simplesmente: entrar, sair, subir, descer.
Subir é para cima. Descer é para baixo. Prefira simplesmente: entrar, sair, subir, descer.
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