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terça-feira, 29 de julho de 2014

A VIDA NÃO É UM TRIBUNAL


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Há tanta gente que vive à procura do “sentido da vida” e nunca tem a exata resposta. Isso porque o sentido da vida constitui um questionamento filosófico acerca do propósito e significado da existência humana e do viver no mundo habitado por pessoas, todas diferentes umas das outras. E essa reflexão de hoje lembra a afirmação do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard, em harmonia com a máxima do clássico indiano Bhagavad Gita (cap III, v.35), que diz assim:“Mais vale cumprir o próprio dharma, ainda que de forma imperfeita, do que cumprir de maneira perfeita o dever de outrem”.
Eu sei que muita gente se martiriza por aquilo que não alcança na vida. E, por esse caminho de suplício, acredita que o ‘sentido da vida’ reside em ter casa luxuosa, namorado, dinheiro no banco e no bolso, casa de praia, carros novos na garagem, iate, casa na praia, no campo, muitos amigos, participar de festas etc. Mas eu acredito que o segredo da felicidade não está nos bens materiais ou nas pessoas. Está na alma de cada um de nós, naquilo que somos. É no encontro consigo mesmo que se dá essa comunhão. Não pertencemos a ninguém e também não somos donos de ninguém. As pessoas se dão, se amam, se respeitam, fazem trocas. Por isso tudo não podemos agir como se a vida fosse um tribunal. O melhor que se faz é deixar de ser “juiz” de si e dos outros e passar a ouvir a voz do coração.
Também sinto que o importante, na vida, é ter consciência que não somos seres perfeitos. Se assim olhamos, então por que procurar e exigir a perfeição no outro quando não a temos dentro de nós? Cada pessoa deve viver com aquilo que carrega dentro de si, com autenticidade, firmeza, compromisso, lealdade. Não adiante viver na mentira, enganar, fingir que ama, sair pelo mundo a demolir sentimentos, pessoas, famílias.
Outro lado importante no ‘sentido da vida’ é a pessoa assumir os próprios sentimentos. Isso é ato de coragem, nunca de covardia. Nunca se deve dizer SIM para agradar alguém. O SIM, deve vir do coração, dos sentimentos que se tem, da convicção daquilo que se deseja. Cada pessoa deve lutar por seus sonhos, embora eles pareçam distantes. Diz o escritor Richard Bach que “longe é um lugar que não existe”. Com determinação e coragem a gente viaja o mundo. E encontra os sonhos mais longínquos.
Ainda, eu acredito que não se deve contar receios pessoais aos outros. Eles não estão dentro de nós, não conhecem nossa alma nem sempre nos guardam no coração com o carinho desejado. Logo sairão dizendo coisas não ditas, distorcendo as nossas emoções. E essas emoções são tão pessoais que somente a própria pessoa sabe o sentido e valor delas. Então é prudente confiar em critérios próprios.
Por tudo que aqui escrevo e ainda pelo que não digo, viver é uma experiência fantástica. Por isso não se deve permitir que alguém fira esse bem sagrado que é a nossa vida, o nosso coração, o nosso jeito de sentir o mundo e as pessoas. O mundo tem muitas coisas boas a oferecer para quem tem a ousadia de buscar e a sabedoria para ler aquilo que muitas vezes fica diante de nós apenas uma vez. Isso tudo conduz ao comportamento de agir sempre com verdade para ler a vida com os olhos do coração, um caminho, sem dúvida, chamado felicidade.
Quando falo dos “olhos do coração’, refiro-me ao Amor como base da vida. Pois eu sei que há pessoas que se anulam em nome de falsas verdades, falso amor, e acabam sozinhas, na escuridão. Há quem invista tudo nos outros e depois não tem uma mão para apertar, um corpo para abraçar, um coração a pulsar junto ao seu e um “Amor para chamar de meu”, como diz o Rei Roberto Carlos. E todas as pessoas precisam de carinho, afeto, diálogo, troca, cumplicidade, respeito, amizade.
Entendo que o primeiro ‘sentido da vida’ é senti-la, o segundo, vivê-la e o terceiro: conseguir realizar continuamente os dois. Esse é o caminho feliz! A vida guarda a sabedoria do equilíbrio que cada um deve ter diante do outro e da vida. Dizem ser a luta indispensável para realizar as metas da alma, ou seja, a felicidade não exige luta, requer amor e respeito a si. E essa felicidade é feita de pequenas pérolas que a pessoa cultiva a cada dia, a cada hora, a cada segundo, usando as armas que carrega no interior do coração. O ‘sentido da vida’ é como o desabrochar das flores em cada primavera.
 
DICAS DE GRAMÁTICA
MAL CHEIRO ou MAU-CHEIRO?
- Mal opõe-se a bem e mau a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
FAZEM CINCO ANOS ou FAZ CINCO ANOS?
- Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
HOUVERAM MUITOS ACIDENTES ou HOUVE MUITOS ACIDENTES?
- Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes./ Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.















2 comentários:

Luiz Fernando Escócio disse...

Belo, feliz, reflexivo, verdadeiro este teu texto, minha ilustre professora. O teu olhar sobre a vida é belo demais, assim como tua alma, teu físico, teu riso, tua voz, tudo que emana de ti. Os teus textos são primorosos. Tu és uma rara pessoa, como poucas que conheci nesta vida. Orgulho-me de ter convivido contigo na universidade, escutar tuas sábias lições, admirar essa integridade que habita em ti, sempre serena, elegante, bela em tudo que faz. Aqui está a prova do que digo: este texto encantador, com tantas lições para que a gente caminhe melhor na vida. Tu és uma alma preciosa, mulher grandiosa, talentosa, cientista famosa. O que mais dizer de ti? Tu és única. Felicito-a pelo exemplo e pela sabedoria. Grande abraço. Luz Fernando Escócio Drummond de Andrade

Otávio Augusto de Oliveira disse...

Professora Dra. Lessa, estou aqui com Luiz Fernando a apreciar teu texto. Que alma linda é essa tua, minha eterna professora?! É muita sabedoria de vida, muito humanismo, integridade, lealdade, sinceridade. Isso tudo é o teu coração grandioso de mae, mulher, amiga, professora, escritora, poetiza. Eu queria que o Brasil te olhasse, te conhecesse, porque ele se curvaria diante de ti, assim como nós que te conhecemos e tanto aprendemos contigo. Belíssimo texto. Vou guarda-lo comigo num quadro, para deixa-lo aos meus filhos e netos. É uma das melhores lições. Meu respeito, minha mestra querida. Otávio Augusto de Oliveira.

A vida da gente é feita assim: um dia o elogio, no outro a crítica. A arte de analisar o trabalho de alguém é uma tarefa um pouco árdua porque mexe diretamente com o ego do receptor, seja ele leitor crítico ou não crítico. Por isso, espero que os visitantes deste blog LINGUAGEM E CULTURA tenham coerência para discordar ou não das observações que aqui sejam feitas, mas que não deixem de expressar, em hipótese alguma, seus pontos de vista, para que aproveitemos esse espaço, não como um ambiente de “alfinetadas” e “assopradas”, mas de simultâneas, inéditas e inesquecíveis trocas de experiências.